Quem pede a volta da ditadura militar supondo que esse seria o remédio para todo tipo de crime no Brasil ou é um ingênuo e desconhece a Historia ou é um indisfarçável fascista. Na ditadura, os criminosos comuns – aqueles que roubam, praticam latrocínio (roubo seguido de morte) ou estavam associados ao tráfico – não eram alvos das forças militares. O aparato repressivo do Estado – formado pelas Forças Armadas, Polícias e órgãos de segurança – perseguia, torturava, matava ou desaparecia com todos que combatiam o regime e lutavam pela restauração da democracia.
O apelo à volta da ditadura, visto com frequência nas manifestações contra o governo de Dilma Roussef, tem sido feito por uma massa formada por setores das classes média e alta. De acordo com pesquisa feita pelo Datafolha durante a manifestação do dia 13/03 na avenida Paulista o perfil dos participantes é de “ homem, branco, acima dos 36 anos, com renda e escolaridade superiores à média da população”. Esse é, portanto, o retrato do maior braço da elite conservadora do País que está arquitetando a ruptura da ordem democrática.
Tal como nos eventos antecedentes à ascensão do governo militar em 1964, o primeiro ingrediente da fórmula para justificar o golpe é a disseminação de mentiras. Antes, era o avanço do comunismo. Hoje, uma suposta indignação contra a corrupção – suposta porque fundamentada por investigações parciais e feitas de forma ilegal, afrontando vergonhosamente os mais elementares princípios jurídicos, conforme extensas manifestações de especialistas da área.
Depois das mentiras, o medo. Os grandes meios de comunicação e as redes sociais tem disseminado ódio contra o Partido dos Trabalhadores a ponto de pessoas que não se envolvem em atos políticos serem hostilizadas pelo simples fato de usarem roupas ou acessórios de cor vermelha. E a sanha do ódio vai mais longe. Nem o Ministro Teori Zavascki foi poupado de hostilidades por determinado no último dia 23/03 que o juiz federal Sérgio Moro envie para o Supremo Tribunal Federal (STF) as investigações da Operação Lava Jato que envolvem o ex-presidente Lula.
Outro ingrediente é a violência. Felizmente, até o momento não aconteceram confrontos extremos, apesar da velada incitação feita por alguns veículos de comunicação.
O fascismo floresceu em cenários marcados pela disseminação do ódio e de violência, pela ânsia por um estado autoritário e pela mobilização de massas autodenominadas “apartidárias” ou “sem ideologia política” ansiosas por um fuhrer ou duce.